Vim de família de ciganos. Minha mãe e meu pai me
implantaram dentes de ouro, me ensinaram a dormir como nômade e me iniciaram
nas artes da Quiromancia.
Azaléia tinha mãos finas, dedos compridos e a linha da vida
bem pronunciada, mas ainda não tinha a
linha da cabeça. Nosso caso foi fugaz, em pouco tempo a esqueci, exceto das
suas mãos.
Marialva era o oposto, apresentava traços mais rudes, dedos
grossos e formato de mão quadrado. Já tinha a linha da cabeça, e marcas profundas
nos montes de Vênus, perto da base do polegar. Fizemos amor por um tempo, mas
também tivemos uma relação nômade. Mas que mãos!
Porém, a mais espantosa de todas, a mais completa, a mais
iluminada, a mais mística era Jaciara. Tinha os sinais da fortuna, perto dos
dedos indicadores, a linha da vida, da cabeça e do coração. Quase uma santa de
mulher! Suas mãos são inesquecíveis.
Fugi da cidade de Azaléia, mudei da cidade de Marialva,
corri da cidade de Jaciara. Cá estou eu, numa pequena barraca, acampado em
Bragança Paulista. Tenho poucos pertences, entre eles uma pequena caixa. Nos
momentos de solidão, abro a tampa e aprecio as mãos de meus amores.
Por: Reverendo Lezzagon
Sou quiromante e achei esta estória um desacato.
ResponderExcluirPraga de cigana dura 7 encarnações, fiquem espertos queridos bloqueiros!
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