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quarta-feira, 30 de maio de 2012

A transarina

Leia era bem ajeitada. Tinha bons dentes, lábios grandes, maxilar reto e grandes olhos negros. Cheirava bem e se vestia com roupas provocantes, geralmente confeccionados em bom couro. Fez carreira em empresas de pequeno porte, comércios e afins. Não tardou para ser achada por um velho-punheteiro-esnobe-CEO qualquer. Não fez seleção, não participou de entrevista, não passou por exame médico. Nada. Passou direto. Não é qualquer uma que consegue subir na vida com uma boa chupada.

(Cabe dizer que o boquete de Leia não era nada comum. Sem em nenhum momento encostar os dentes na glande, ela sabia beijar, succionar e lamber o falo com grande maestria e prazer. No final, fazia questão de engolir o quente líquido, sem demonstrar nenhuma careta).

E assim foi subindo na empresa. Um olhar aqui, uma cruzada de coxas ali. E muitas promessas de transa para os homens estratégicos, quem futuramente podia garantir algo de mais palpável.

“Viu o Aureliano? A novinha virou tanto a cabeça dele que ele pediu as contas” ou “Olha lá o Renaldo, passou a comer a Leia e esqueceu do mundo. Saiu da empresa ontem mesmo”. Esses eram alguns dos comentários usuais nos corredores da companhia.

Leia estava na boca do povo, ou melhor, o povo estava na boca da Leia. Os homens a apelidaram, carinhosamente, de “transarina”, já que transava bem e dançava no “mastro” como uma dançarina.

Tudo isso deixava Rogê bastante excitado. Velho de empresa, e bem escolado nas artes sexuais, decidiu investir na transarina. Passou a vir com ternos bem cortados, camisa de alfaiate e calça de veludo. (Essas coisas chamavam a atenção de Leia que, embora pobre, gostava de comer mortadela e arrotar caviar).

Para Rogê era inadmissível o peão virar os miolos por causa de uma trepada qualquer. Mudar de comportamento com os chegados? Virar o cabeção? Pedir as contas por causa de uma buceta? Ah, isso não...

Chegou o dia D. Rogê levou a transarina para um jantar especial. Já dentro do carro, passou a mão pelas costas da moça e deu uma boa chupada em seu pescoço. No mesmo instante foi retribuído, sim, por uma chupada no carpano. Velho de guerra, Rogê se segurou, não queria derramar todo sêmen de uma só vez, sem ao menos ter dado boas estocadas. A pequena se afastava e negava um maior contato sexual. Algumas chaves de braço e golpes de jiu-jitsu depois, deixou Rogê fazer o que queria.

O mundo ficou sem voz. A terra parou. Os semáforos ficaram paralisados. Os selos foram abertos.

Na hora em que tirou a calcinha da transarina se deparou com a verdade das verdades. Um pênis, grosso e vascularizado, oculto entre as pernas. Calou-se no mesmo instante.

- Eu estou na sua mão e você está na minha, entendeu, gatinho. A partir de agora, tenho algumas exigências, entendeu? – murmurou, num tom doce, Leia, no ouvido chocado de Rogê.

No dia seguinte, Rogê se afastou dos colegas de trabalho. Ficou estranho, aéreo. Semanas depois, pediu as contas. Como de costume, ficou comentado pelo povo.

Por: Bispo F.

6 comentários:

  1. Excelente !!! Ri bastante do "grand finale" !!!

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  2. Respostas
    1. Se você for mulé a gente também pode adorar você, princesa.

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  3. Vejam bem, o negócio de transexuais (shemales businesess) estão crescendo em todo o mundo.Na Tailândia, por exemplo,as ditas "bonecas" são responsáveis por 13% do PIB daquele país - a capital se chama BangCOCK não por mera coincidência.Não vejo nenhum demérito nisso, pelo contrário, enxergo oportunidades a serem aproveitadas por homens de visão.A Copa está aí, as olimpíadas também.Nossos travestis fazem enorme sucesso entre os povos da Europa, Ásia e EUA.Agora, eles virão até nós o que deve provocar aumento na demanda por próteses de silicone,cirurgias de mudança de sexo (no Marrocos) etc. Esse é um mercado promissor e no qual já estou investindo pesadamente. Então nada mais de historietas sobre travestis, rapazes! Me aguardem!

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  4. A Transarina me fez viajar por várias releituras nacionais e extrangeiras, mas ainda com um tom inédito!
    Congratulation!!!

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  5. Literalmente do caralho esse texto. Parabéns! Puta criatividade! Muito, muito bem escrito.

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