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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Apenas um Membro

Depois de um retiro isolado, Albert teve uma revelação. Um ser de luz lhe disse que ele era o escolhido para levar a paz ao seu próprio coração. Criou assim uma fé que não tinha ninguém mais que a si, Igreja da Solidão.

A ele pregava, a ele abençoava, a ele tirava maldição cobrando 10% ou mais do quinhão que ganhava. Vivia feliz consigo mesmo, onde fosse enviado, pregando a si mesmo que ele era o melhor líder religioso que tinha encontrado.

Mas se sabe, a carne é fraca, um dia ele caiu no pecado. Segundo seus preceitos foi condenado por ter com um membro de outra religião no caixa do supermercado. Tentou justificar argumentando que o outro era prosélito, em vão. A desculpa incoerente piorou a situação: "caberá dois na igreja da solidão?". O ato que em branco não passaria, pois fora da sua seita, gente boa não haveria, levou Albert a auto-expulsão. Pagando a pena imposta pela sua crendice, se revoltou achando aquilo tolice. Foi certo buscar em outras casas o pão que a sua lhe negou.

Mesmo em meio a multidão não se encontrou. Rodeado de pessoas pensava "sozinho ainda estou". Num vazio que nunca de fato encerrou, essa busca que se manifesta, vê que não tem saída, pede perdão e confessa: "Filho pródigo eu, aqui estou!". A ele mesmo aceitou como pecador arrependido e subjugado, nunca mais teria com o mundo falido de que tinha se apartado. A Igreja da Solidão prosperou, com a lei maior que Albert determinou: "apenas um membro", pastor e ovelha ao mesmo tempo, e com choro e Amém o culto se encerrou.

por Coronel Malaquias

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