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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Cinzenta São Paulo

Era uma manhã nublada em São Paulo. A Faria Lima estava cinzenta, fria. Alfredo passaria por uma entrevista de emprego que mudaria o rumo da sua vida e da sua carreira. Com ele, Bruna, sua namorada.

-Vai dar tudo certo, tenho certeza
-É o que eu espero
Alfredo e Bruna namoravam há três anos, moravam na mesma cidade, tinham a mesma profissão. Entendiam-se em tudo.
-E aí, como foi?
-Deu certo, começo na próxima semana. Preciso arrumar minhas coisas e achar o apartamento.
-Que bom...

Na verdade, não estava nada bom. Bruna não gostou do rompimento de laços, por meses se sentiu sozinha, desolada, com saudades. Não suportou a longitude e rompeu o relacionamento.
-Tem certeza disso?
-Sim, eu tenho.

Anos se passaram, Alfredo mudou de emprego mais duas vezes. Mas, foi numa manhã de setembro de 2013, andando pela Faria Lima, que ele se lembrou daquele dia. Lembrou que, em meio ao cinza, avistou sua então namorada, com roupas neutras, mas com um guarda-chuva da cor do arco-íris, que coloria a cinzenta avenida.

Lembrou que tirou sarro dela pela escolha do acessório e que, com sorriso no rosto e olhar apaixonado, ela disse:

-Alguma coisa tem que colorir essa cidade, que seja o nosso amor.

Por: Clécia Amarantus
 

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