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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Linha Cruzada


Conheceu a dama no “Sandália de Prata”, entre um pagode e outro. Engraçou-se, jogou a lábia, saíram dali e consumaram o ato. Trocaram contatos. Salvou o dela com nome de homem, de um conhecido, para a esposa de nada desconfiar. Chegou meio bêbado, trancou-se no banheiro e logo apanhou o telefone. Mandou mensagem na qual colocou o coração e algo mais. A resposta veio rápida. Palavras carinhosas, chamegos. Ele sorriu, mandou outra. Pronta resposta. Chamava-o de “anjo”, dizia “você é demais”. A noite toda, mensagens assinadas por um tal de Dagoberto invadiram seu aparelho.

Trocaram torpedos a semana toda, até acontecer o inevitável. Marcaram de se encontrar. O lugar era ermo, propício ao crime. No horário combinado, estacionou o Diplomata e aguardou. Eis que dobra a esquina um Santana prateado, o carro do amigo Dagoberto. Apanhou o celular do bolso, averiguou melhor e se deu conta do engano. O tempo todo, trocara mensagens carinhosas com o Dagoberto real, o sujeito de fato. Que vacilo, pensou. O erro de percurso provocou uma crise de risos. Saiu do carro com o celular nas mãos, pronto para explicar o mal entendido. 

Foi logo contando o ocorrido. Dagoberto também riu, entre o constrangido e o divertido. E eu achando que era uma rapariga, comentou. Ele, então, sacou o celular para mostrar a duplicidade de contatos. O número certo dela é esse aqui, explicou. O riso de Dagoberto morreu na garganta. Seus olhos se arregalaram, tomados por incredulidade e fúria repentina. Mas...mas...esse é o número da MINHA esposa!!!

Pego de surpresa, ele sequer teve tempo de reagir. Dagoberto já investia contra ele de navalha na mão, pronto para abri-lo de cabo a rabo. Sangrou até a morte, ali na sarjeta. Enquanto agonizava, ainda ouviu o barulho do motor. Não queria estar na pele da dama do Sandália de Prata quando Dagoberto chegasse em casa.

Por: Guinea Pig

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