- Alô, é o Chico?
- Sim, sim, de que se trata?
- Um primo meu recomendou você, me falou muito bem dos seus serviços.
- Sabe como
funciona, direitinho? Mas olha, não costumo tratar desses assuntos por
telefone.
- Chico, fica tranquilo, esse celular meu é cabritado, ninguém
rastreia nada não.
- Certeza,
doutor?
- Pela minha mãezinha que está no céu. Dou palavra, ninguém grampeará
a gente não. Mas vamos lá, quero encomendar um presunto a você...
- Dá a letra!
Como? Quando? Quem é o sujeito?
- Ele é executivo, tem 40 anos, mora nos Jardins, na Avenida Brasil.
Sai todo dia de casa com o carro blindado, mas da casa até o veículo ele
caminha sozinho uns 30 metros. E é lá que você entra, entendeu??? Já sai
atirando e já era. Mas tem que ser amanhã, ok?
- Doutor, são 100
mil reais, pagos adiantados. Em espécie, em notas graúdas.
- Fechado, ponho numa sacola e deixo no porta-malas do meu carro. Hoje
à noite, estarei no shopping Morumbi, vá até o piso 2, corredor G, e abra o
porta-malas da Land Rover preta, a grana estará lá. Combinado? Deixarei lá
também um envelope com fotos e mais detalhes do sujeitinho.
- Sim, sim.
- É pra atirar à queima roupa, pra fuzilar, deixar o cara todo furado,
compreendeu, Chico?
- É comigo mesmo,
doutor.
Peguei o carro no estacionamento. Abri o porta-malas, o Chico já tinha
apanhado o dinheiro, como combinamos. Fui pra casa tranquilo. Na verdade, nem tão tranquilo assim, era foda para um cara de 40 anos como eu, novo, inteiro, ter
uma doença tão filha da puta como a AIDS, que peguei de uma puta numa casa de
troca de casais. Não, eu não queria viver assim.
No dia seguinte, coloquei minha melhor camisa de linho branco e saí
pra trabalhar.
O Chico foi rápido e certeiro, fuzilou meu peito, fiquei como uma peneira. Caí
na hora, antes mesmo de chegar no carro.
Por: Reverendo Lezzagon
Adoro a Avenida Brasil, a Carminha, o Tufão, todos os personages. Entrei crente que ia ler sobre a novela. Mas não me decepcionei não, isso que é a novela da vida real!
ResponderExcluirPArabéns!
Lídia
O aidético da Avenida Brasil dançou! Antes ele do que eu!
ResponderExcluirBoa estória!
Marlos