Jogo do bicho, esse era o vício cotidiano de Guaraci. Mais
do que um mero jogador, ele sabia de cor as tabelas dos animais, as combinações
de números e os últimos resultados do jogo de azar. Embora fosse pedreiro e
tivesse pouca instrução, Guaraci conseguia calcular os resultados anteriores e
fazer previsões sobre os próximos sorteios.
Ainda que seja popular, o jogo do bicho é complexo. Nele, a
aposta pode ser feitas de diversas maneiras: no jogo de dezena, de grupo, de
milhar (do primeiro ao quinto) ou milhar na cabeça, aposta mais difícil paga o melhor prêmio.
Guaraci já havia ganhado muito, pensava até em largar seu
duro trabalho de pedreiro. Entre uma marretada e outra, veio em sua cabeça a
fórmula mágica. Guaraci ficou afoito. Foi pra casa na mesma hora. Pegou
diversos papeis, calculou, riscou e, horas depois, chegou aos cinco algarismos
vencedores. Ah, era tão simples, o cálculo estava ali, na cara de todos.
Acordou cedo, com a anotação no bolso. Tinha certeza que o
primeiro prêmio seria dele.
Jogou. À tarde veio a esperada notícia... era o vencedor!
Comemorava feliz, no andaime da obra, a notícia dada pelo assistente. Falseou o
pé na tábua e caiu do quarto andar.
Morreu na hora, traumatismo craniano. Deu galo na cabeça.
Por Reverendo Lezzagon
Por Reverendo Lezzagon
Nenhum comentário:
Postar um comentário