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segunda-feira, 7 de maio de 2012

É o bicho


Jogo do bicho, esse era o vício cotidiano de Guaraci. Mais do que um mero jogador, ele sabia de cor as tabelas dos animais, as combinações de números e os últimos resultados do jogo de azar. Embora fosse pedreiro e tivesse pouca instrução, Guaraci conseguia calcular os resultados anteriores e fazer previsões sobre os próximos sorteios.

Ainda que seja popular, o jogo do bicho é complexo. Nele, a aposta pode ser feitas de diversas maneiras: no jogo de dezena, de grupo, de milhar (do primeiro ao quinto) ou milhar na cabeça, aposta mais difícil  paga o melhor prêmio.

Guaraci já havia ganhado muito, pensava até em largar seu duro trabalho de pedreiro. Entre uma marretada e outra, veio em sua cabeça a fórmula mágica. Guaraci ficou afoito. Foi pra casa na mesma hora. Pegou diversos papeis, calculou, riscou e, horas depois, chegou aos cinco algarismos vencedores. Ah, era tão simples, o cálculo estava ali, na cara de todos.

Acordou cedo, com a anotação no bolso. Tinha certeza que o primeiro prêmio seria dele.

Jogou. À tarde veio a esperada notícia... era o vencedor! Comemorava feliz, no andaime da obra, a notícia dada pelo assistente. Falseou o pé na tábua e caiu do quarto andar.

Morreu na hora, traumatismo craniano. Deu galo na cabeça.

Por Reverendo Lezzagon

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