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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Um caso público

Dagoberto era casado há mais de 30 anos, trabalhava na repartição pública da cidade, e mantinha uma vida monótona e cinza. Vivia à base de antidepressivos, calmantes e muitos copos de uísque; estes tomados sempre sem gelo.
Foi numa quarta-feira qualquer que a vida do tesoureiro ganhou um brilho especial. Agda, uma morena alta, com peitos siliconados e rosto “botocado” fora contratada como a mais nova estagiária do órgão público. Dagô, como era chamado pelos mais chegados, tinha 56 anos e aparência de 65. Ao contrário de Agda, que possuía apenas 21 primaveras, mas todos juravam que tinha 18.
Não tardou. Embora velho, Dagô tinha suas artimanhas e seduziu a pequena ninfeta. Transaram no banheiro. No estacionamento. Na copa da repartição. Atrás do mato. Nas escadas. Passaram a viver um romance intenso.
Vez ou outra, Dagoberto sentia culpa e remorso profundos. Sua esposa era velha, gorda, mas há décadas era sua companheira de luta. E seus filhos em casa? Será que valia a pena trocar tudo por uma aventura? Será que um dia não seria pego “com a boca na botija”?
Dagô aumentou a dose de remédios e passou a viver entre minutos de prazer e horas de culpa. Passou a viver com adrenalina, que era apaziguada por grandes goles de uísque.
Dito e feito. O medo de Dagoberto virou realidade. Realidade nua e crua.
- “Sua vaca, puta sem modos. Sei o que está fazendo e sei que está roubando o marido das outras” – Sentenciava a carta anônima, recebida por Agda.
No mesmo momento, entrou correndo na sala de Dagoberto, em prantos. Tentaram discutir o que seria melhor a fazer, mas tudo terminou em sexo, mais uma vez. Dagô foi pra casa nervoso, não conseguia largar de sua perigosa aventura. As cartas anônimas aumentaram. Passaram a ser semanais.
Agda entrava desesperada e, como sempre, quando tentavam resolver a situação ou planejar o futuro, tudo terminava com uma boa trepada.
Na manhã seguinte, dentro do banheiro de casa, Dagoberto foi encontrado morto, por sua esposa atônita. Havia cortado os dois pulsos como forma de punição.
Um pulso pela covardia de não largar a esposa. Outro pela covardia de escrever cartas anônimas para tentar se livrar da amante.
Por: Reverendo Lezzagon

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